sexta-feira, 25 de julho de 2008

Se beber não dirija! Escreva ou leia!

(hic)...Um bluóg só meum! (hic) Ninguém escrevi...(hic).

Isabel Cristina CCarvalho

Quer viagem maior e com tantas surpresas do que ler ou escrever?

Para começo de conversa teremos que cuidar o destino das palavras assim como cuidamos dos nossos destinos ao volante, a menos que queiramos sair por aí sem rumo, o que não há problema algum, porque eu mesma já dirigi muitas vezes sem destino, (tá bom, umas cinco vezes) e entendo que é preciso! Em algumas situações estamos emocionalmente tão sem opções para ir a algum lugar que a melhor opção é ir a lugar nenhum mesmo e continuar dirigindo a esmo. Quando o esmo se esgotar dobraremos no quarteirão, voltaremos para casa e tudo ficará normal. E como não iremos mais dirigir e com a certeza de que não sairemos correndo para apagar incêndios, poderemos então abrir sem culpa uma cerveja, um vinho apaixonante ou até um espumante divino se o texto que elegermos for inspirador. Poderemos também dar carona, em nossa viagem de escritas e leituras, a chás aromáticos, chocolates quentes, cappuccinos, sucos naturais, o maravilhoso copo de leite gelado, a água predileta ou as bebidas típicas de cada cultura.

O que importa é ficarmos bem com estas escritas, estas leituras e os sonhos de compartilharmos instantes com pessoas que também prezam estes momentos. Como é bom escrever. Como é bom ler e relacionar idéias, divergências, concordâncias e, sobretudo descobertas.

Que mundo literário belíssimo teremos se todos se decidirem por viagens bem dirigidas ou direcionadas sob qualquer teor, principalmente porque escrever ou ler é muito mais difícil do que dirigir. Os sinais de trânsito tornam-se imagens simples perto dos sinais que o ler e o escrever nos exigem para uma boa direção na comunicação. Os horizontes que os textos são capazes de nos levar são infinitos perto dos caminhos reais que qualquer engenheiro de estrada possa projetar.

E o que falar então sobre as histórias? Puras magias! Podem ser as que aconteceram, as histórias reais que acontecem ou as de nossa imaginação: destino legítimo das múltiplas escolhas que podemos fazer com as letras ou representações, como os ideogramas.

E como é permitido viajar bastante com as palavras me atrevo a escrever que chegará o momento em que para se conseguir uma habilitação de motorista os candidatos deverão conhecer Grande Sertão Veredas, O Continente (1, 2,3), Bagagem, O Vôo da Palavra, Meu pai Quase Memória, O Texto ou: a Vida, os Segredos da Ficção, Rino, de Cabeça Para Baixo, Perdas e Ganhos e muitos outros livros que deveriam ser lidos para se respeitar a vida.

Para entender a falta que uma pessoa amada faz pela conseqüência de ainda não termos decorado a lei de trânsito que nos lembra que “se beber não dirija”, além de ler publicações que contam estas histórias, como Relato de Um Amor, nós candidatos deveríamos ter o compromisso de escrever mensalmente redações sobre estes livros, e enviá-las aos setores responsáveis pela renovação de nossas carteiras e de preferência redações feitas... de “próprio punho”!

24 de Julho de 2008.

terça-feira, 22 de julho de 2008

ISA 5252



Nascida a oito de julho de 1956.
Eu aqui outra vez!

Isabel Cristina CCarvalho

ISA 5252 é a placa do meu carro preto comprado ano passado quando completei 51. E isso soa muito engraçado porque ou eu era uma boa idéia na época ou uma mulher à frente do meu tempo... ;))

Esta placa aconteceu após um assalto ao ISA 4747, um Ford pra lá de charmoso, branco e básico mas (detalhe) com quatro portas, quando eu era uma simples Isa de cinqüenta anos entre as palavras mata, não mata...E como não me mataram estou aqui, vivinha da silva contando as novas!

Neste recente oito de julho eu fiz jus à placa 5252, sem dízima periódica. É uma data carinhosa, produtiva, consciente da realidade e uma data calmíssima para as situações tensas que se apresentam no momento em minha vida.

Soube bem tarde da noite deste oito de julho, e por uma amiga muito querida, que segundo o calendário Maia só temos a chance de fazer renascer as energias do período de nosso nascimento aos 52 anos, como um giro galáctico para empreendermos nova missão de vida!

Como não tenho conhecimentos para concordar ou discordar das afirmações de minha amiga apenas confesso que me senti diferente neste oito de julho e sinceramente? Muito feliz! Teria cinco motivos concretos para estar triste neste meu aniversário, mas teria cento e cinqüenta motivos para estar infeliz se acreditasse nisto! O mundo é generoso, mas exigimos demais! A felicidade tem que estar andando por aí e não posso acreditar numa existência vã!

Segundo então os Maias estou no pós-parto e segundo as minhas lembranças sem Maias, sem mesmo nem os Incas me dando parabéns, estou na fase em que o planeta inteiro deseja renascer e para melhor. Precisamos de calma, de sons e cheiros naturais, de estradinhas íngremes e de valas, como as que percorri estes tempos visitando o Tiago Tenius, em Viamão, e ainda deixei marcas de barro impregnadas nas rodas e pára-lamas do ISA 5252, para me lembrar que preciso desurbanizar um pouco o meu cotidiano.

Preciso ficar menos igual, menos todo mundo, menos o mundo inteiro, menos desesperada pelas urgências dos tempos dos outros e quem nem são os meus. Menos! Entre o pára Isa ou o paraíso eu prefiro ficar com o meu tempo previsto e todas as minhas boas idéias dentro.

Até lá! Beijos!

E por gentileza, Cosco, anote as placas!

20 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Cenas de Viagens

Isabel Cristina CCarvalho



Leio a recente crônica dos relatos de Almiro sobre suas experiências de viagens e o que eu deveria tecer como breve comentário acabou virando uma outra crônica também. Almiro me lembrou de uma viagem de estudos que fiz a Amsterdã, há dez anos, junto a uma amiga e artista plástica, Marta Penter. Esta viagem daria uma coleção de crônicas, caso eu olhasse novamente as fotos e relembrasse nossas situações por lá, algumas emocionantes e outras bem divertidas. As duas situações concomitantemente dramáticas ou tragicômicas começaram na chegada a Amsterdã. Apesar dos passageiros estarem inquietos em holandês, Marta e eu apreciávamos os inúmeros moinhos de ventos da paisagem quando subitamente o céu escureceu e a inquietação passou a ser traduzida para o inglês, espanhol e outros idiomas. Entendemos que depois de taxiar por mais de uma hora o piloto pousaria na capital holandesa mesmo sob o temporal absurdo que caía, além do pequeno furacão que rodopiava pelo centro da cidade.

Apesar de alguma experiência como usuária de rotas aéreas confesso que não tenho conhecimento dos procedimentos adotados pelos pilotos em caso de problemas no ar. Meus problemas aéreos sempre foram em terra: atrasos em aeroportos, over book, perda de malas, cancelamento de vôo, vôos “sem teto”, deslocamentos para hotéis e outras coisas bem típicas. Neste caso o problema foi no ar mesmo e eu tive a impressão, pelo turbinar dos motores, que o piloto acelerou o avião para conseguir tocar a pista. Descemos entre o barulho de trancos, freadas e pancadas de objetos que caíram dos compartimentos abertos pelo impacto e a saraivada de aplausos com a qual os passageiros agradeceram ao comandante a descida arriscada.

Eu e Marta fomos as últimas passageiras a nos dirigir para a escadinha dianteira do avião, principalmente porque nos detivemos a perguntar às aeromoças sobre o que houve e também porque à frente de Marta seguia, pelo corredor, uma senhora robusta e trêmula. Quando finalmente chegamos ao meio da escadinha sob os olhares de dois ônibus na pista repletos de passageiros, a senhora se desequilibrou e caiu abrupta de costas sobre os pés de Marta que também caiu, como num jogo de dominó, sobre as minhas pernas. Eu só não caí de costas sobre as aeromoças porque elas sabiam que tudo podia acontecer a passageiros nervosos e permaneceram calmíssimas na porta da aeronave para qualquer emergência.

A cena não poderia ter sido mais absurda. Eu literalmente não sabia se ria da situação ou se chorava de dor, afinal eu tinha o peso de uma senhora gorda e o de minha amiga, magra Graças a Deus, sobre meu corpo. Mas sobrevivi sem maiores conseqüências. Marta recebeu uma forte batida nos pés, teve inchaços, hematomas e isso quase comprometeu nossa viagem.
Os motoristas dos ônibus foram embora e levaram a senhora gorda que passava bem quando viram chegar a ambulância destinada a nos atender. Até hoje eu não soube se a tal senhora causou mais algum atropelo no translado de ônibus até o terminal, mas jamais poderei esquecer os pés roxos e a carinha chorosa da Marta, no ambulatório do aeroporto de Schiphol, assustada, traumatizada, indignada em inglês, recusando-se a morrer de dor e contusão uma vez que tinha acabado de sobreviver a relâmpagos e furacão!

06 de julho de 2008