quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Feira do Livro de Porto Alegre

(clique na imagem para ver maior)

Est Edições, os premiados, os apoiadores 
e Antônio Suliani (org. da edição)
convidam para o lançamento e sessão coletiva de autógrafos 
do livro

Construtores de História: 
Famílias Italianas do RS,

com os textos premiados no
I Concurso Frei Rovílio Costa: Famílias Italianas do Rio Grande do Sul
Dia 6 de novembro de 2010, sábado, às 14 horas
Memorial do RS. 1º andar -  Sessões de Autógrafos


Sua presença será incentivo e honra
aos premiados e aos ideais do Homenageado.

    *   *   * 

Como autor de uma das  histórias selecionadas pelo Concurso Rovílio Costa, gostaria de ter a alegria de sua presença.

Cordialmente,
Almiro Zago

sábado, 9 de outubro de 2010

O café da vida

Especial para o Semanário “Tempo Todo”, de Caxias do Sul

Almiro Zago

            Ainda não se escreveu, nem se disse tudo o que de bom representa o café em nossas vidas. Ou, pelo menos, na vida de quem o ama.
            De minha parte, venho apreciando cafezinho desde quando se escrevia com acento grave no “è”. Terá sido psicológico, mas  depois que a palavra  perdeu aquele sinalzinho, de início, sentiu-se menos sabor na xícara...                           
            Nunca esqueci o primeiro cafezinho. Foi numa tarde de sábado, com  vários colegas, todos adolescentes,   no Café Comercial,   no centro de Caxias do Sul.
            Afinal, ser homem  também era tomar cafezinho num reduto masculino de adultos.
            E, lá, num colorido painel na parede, conheci as primeiras teorizações sobre a bebida que os   árabes   ofereceram ao  mundo ocidental: “O bom café deve ser puro, como um anjo; doce, como o amor; e quente, como o inferno.”
            Fui levando a sério esses   mandamentos, mas só o primeiro, por essencial e verdadeiro, tem resistido. Todavia,  depois de incontáveis queimaduras na língua  convenci-me de que não precisava radicalizar tanto na temperatura. Mais tempo iria passar até perceber que  era apenas  metáfora o “doce  como o amor”. 
            Bem apreciar um café, sentir-lhe o aroma, a intensidade do sabor envolve um processo  de    paciente educação do paladar, ultimamente facilitado pela poética  adesão de livrarias. Aliás, em 1970, coisa rara, então, podia-se degustar café na Livraria Ramos.
            Como acontece com o vinho,  a doçura corresponde ao primeiro estágio a ser superado, pois, desculpem-me por dizê-lo, mais não faz do que mascarar o café ruim. E do bom, oculta os melhores predicados.
            Por isso, chega-se ao ápice do aprendizado, degustando o cafezinho   em seu estado de pureza e autenticidade. Embora não seja  o pico do Everest, poucos têm conseguido chegar lá, como eu cheguei, não sem algumas  recaídas, reconheço.
            Porém, o importante é que à volta do café fumegante  estejam pessoas curtindo momentos de amizade,  de satisfação, desses que  ajudam a fazer  a felicidade, que  às vezes aparecem por vias  tortas,  como me aconteceu, de uma feita,  longe daqui.
            Os cafezinhos sendo servidos, e, à minha vez,  notei que não viera o que pedira:
            - Mas  eu pedi café expresso...
            - Está bem - disse a mulher, recolhendo a xícara.
            Observando que se tratava de um cappuccino original, mudei de ideia.
            -  Senhora, pode deixar, eu tomo esse mesmo.
            -  Não, não. O sr. pediu café expresso, e vai tomar café expresso - escutei  de sua voz em   tom  autoritário.
             E vencidos uns dois minutos, sentindo-me um tanto masoquista, encontrei-me a cumprir a severa ordem, quero dizer, sorvendo um incomparável cafezinho italiano.
                                                    ****