Recentemente, divulguei neste blog o convite para o lançamento do livro Construtores de História – Famílias Italianas do RS, que traz os textos premiados no 1º Concurso Frei Rovílio Costa. Pois há poucos dias, caiu-me às mãos a obra “As Feiras do Frei”, e deparei-me com um belo e profundo poema, no qual o homenageado daquele certame exalta a figura do escritor e o significado de seu ofício. Vamos compartilhar sua leitura?
“Dar oportunidade ao escritor
é dar oportunidade à criação,
à tentativa de perenizar experiências humanas
através da palavra escrita, é imortalizar as gerações
para o futuro da humanidade. Escrever é um fazer
que não se esgota na própria escrita, mas que inicia
uma nova forma de vida de quem escreve, que se torna
conhecido de quem não conhece;
vizinho de pessoas distantes; morador de prateleiras
ao lado de falantes de diferentes idiomas;
pensado por pensadores de pensamento divergente;
sonhador de sonhos que outros gostariam de ter sonhado;
criador de mundos estranhos, possíveis ou imaginários;
interlocutor com gerações passadas, que continuam vivas
através de seus escritos, relidos e/ou reinterpretados.
O escritor é alguém que aposta e promove a criatividade;
é como a criança que vive de eterna curiosidade,
que envelhece sonhando e morre ressuscitando,
como um mero jogo da vida e da história. Sonhos de
humanidade sustentam a vida dos escritores e pensadores.
Para escrever, precisa parar, harmonizar-se, olhar para o
passado, empolgar-se pelo presente e idealizar sonhos
para o futuro. O livro é participação, vida, calor, suor,
sangue, luta, derrotas, vitórias, choro, lágrimas,
gargalhadas, risos, preces, blasfêmias... É tudo isto ao
mesmo tempo, porque são vidas traduzidas e
multiplicadas através do papel escrito.”
Rovílio Costa:
na abertura da 20ª Feira Regional de Novo Hamburgo,
15 de agosto de 2002.
Extraído da contracapa do livro “As Feiras do Frei”,
EST Edições (2007), organizado por Marilene Dorneles.