sábado, 19 de novembro de 2016

Cabeça Branca mai più?

Para a ex-futura 2ª edição revisada e ampliada de Mínimas Confissões.
Aos amigos:
Edgar Ferretti por declarar no facebook: “tiro o chapéu pros caras que assumem seu grisalho”; e
Cláudio Abreu – um desses “caras” de invejável  cabeleira nevada.

Almiro Zago

Ah, como gostaria de ter os cabelos brancos para com eles bem viver.

Meus nem tantos fios alvos, a timidez quase os esconde. Porém, deixam-me sensação de abandono os muitos cabelos em fuga que temem não sei o quê, quais fugitivos da guerra do Iraque, ou famintos retirantes africanos.

Resignado, ao curso dos anos tenho acompanhado as revelações do espelho desde as primeiras levas de capilares emigrantes a formatar a tonsura de Santo Antônio. Já os mais recentes fugitivos partem em voo baixo e na pele, brevemente ex-couro cabeludo, fazem autocapina, abrindo espaço tipo floresta de eucaliptos: cobertura ao alto e solo de vegetação ausente.

Pediu desculpas o sonho da cabeleira branca, pois a figura típica de avô grisalho em meu semblante ninguém verá.

Conforta-me a certeza de que meus netos seguirão com seu amor e afeto pelo nonno, indiferentes à carência ou à cor da cobertura capilar.


13/11/2016

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