quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O desabrochar



A minha primavera começou esta semana, mais precisamente na terça-feira, 21 de outubro, quando a primeira flor de um dos meus Jasmins desabrochou. Abri a janela e ela estava lá, delicada e perfumada, deu vontade de paralisar o mundo para ter sempre a sensação de paz deste momento doce, quase inverossímil para os dias atuais.

É um desabrochar, um abrir-se para a vida depois de um certo tempo “escondidos”, eu e os Jasmins. Passei por momentos dolorosos que pareciam não ter fim, assim como parecem não ter fim, para os Jasmins, os meses de outono e inverno, uma eternidade. Quando os olhava, neste período, tinha a sensação de que não iriam sobreviver, mas, estamos aqui, nos abrindo.

“...
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
...” (Carlos Drummond de Andrade)

Há tempos eu não tinha tanta certeza de que coisas bonitas aconteciam ao meu redor, e de que pudessem acontecer comigo ou que eu pudesse desfrutar destas belezas, parecia-me estar cercada de flores prestes a murchar ou totalmente despetaladas, tristes, porém, o Jasmin desabrochou e minha vontade de viver bonitezas também. Pode parecer meio romântico, sonhador, mas quero ver colorido, mesmo que minha flor “pareça” branca.

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