sábado, 15 de novembro de 2008

Há vida após o casamento (?)

... a continuação de "Saí de casa (?)"

Embora ainda não tenha know how suficiente para discorrer sobre o assunto – visto que meu enlace beira uns dois meses de história – posso me dar o direito de afirmar que há sim, vida após o casamento, pois eis que, caros leitores virtuais, depois do casamento tem a lua-de-mel.

Não houve mudança de nome propriamente dita, continuo oficialmente sendo do meu pai e da minha mãe, pois conforme sempre gritei aos quatro ventos, não sou terreno, ninguém me passa pro nome de ninguém. Mas posso ceder um pouco nesta questão, já que casamento é isso mesmo, ceder daqui e dali (acreditem no que te falam), e aceitar a idéia de que agora a Mulher de Sardas é a Mulher de Sardas do Caio, ou melhor, para não ceder tudo de uma vez, a Mulher de Sardas com o Caio, e fiquem sabendo que isso não é pouca coisa.

A Mulher de Sardas com o Caio acorda e faz um café-com-leite, não toma mais Nescau. Porque o Caio ama café-com-leite, porque fazer café-com-leite é um ritual, porque cheiro de café-com-leite se mistura com os raios de sol que entram pelas janelas de manhã e me enchem de vontade de existir.

A Mulher de Sardas com o Caio continua saindo de casa em cima da hora, porque certas coisas que são nossas-só-nossas devemos manter conosco indiferente à situação, e o que seria da minha individualidade sem a praguejação diária: eu tô atrasada, que merda, eu tô atrasada de novo.

A Mulher de Sardas com o Caio, vejam só, ressuscitou a agenda que compra todo início de ano para preencher a folha de identificação e guardar na gaveta, e anoto tudo, tudinho, superorganizada e consciente das tarefas diárias, marcando oks nas cumpridas com êxito, e o mais surpreendente de tudo, talvez não para vocês, mas para mim, cumprindo todas, todinhas. E eu não vou nem falar das contas, mas só para dar uma idéia, elas ocupam agora apenas meia página de cada dia 5.

A Mulher de Sardas com o Caio chega do trabalho – da selva da cidade grande – pronta para briga, com os dentes arreganhados, procurando sarna para todo mundo coçar e pistas e marcas na casa e no Caio como se fosse tudo uma coisa só e até a casa tivesse autonomia para me trair, simplesmente porque o ciúme é um fato em mim e tudo o que considero meu, na minha opinião, deveria passar o dia inteiro ao meu redor.

A Mulher de Sardas com o Caio sempre acha que o Caio poderia me dar um pouquinho mais de atenção.

A Mulher de Sardas com o Caio continua ganhando colo do pai e da mãe.

A Mulher de Sardas com o Caio fica desesperada porque não cabe tudo num dia (que novidade, não?).

A Mulher de Sardas com o Caio adora quando chega domingo e nós dois podemos ficar namorando na e a nossa casa, que é linda demais, que tem uma cara muito nossa, que todo mundo gosta de ir até pra ficar lá parado olhando, porque as luzes as cores e os perfumes fazem você sair mais feliz do que entrou.

A Mulher de Sardas com o Caio quer ser cada dia mais com o Caio e algum dia, se bobear, ser completamente do Caio, porque meu discurso feminista vai até onde começa minha vontade de não sair mais de dentro daquele abraço, de dormir com o nariz grudado naquele pescoço, de acordar mergulhada naqueles olhos, de caminhar apoiada naquelas mãos, de me enrolar naquela pele toda, que é toda cheiro, toda quente, toda delícia.

E eu não quero ficar me exibindo, mas a Mulher de Sardas com o Caio chega em casa e come os melhores jantares, porque o Caio cozinha bem pra caramba.

Ah, a Mulher de Sardas com o Caio engordou...

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