segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Certa rosa vermelha e as flores de Ronsard e Manuel Bandeira

Almiro Zago

“Foi para vós que ontem colhi, senhora,
Este ramo de floras que ora envio.

Não no houvesse colhido e o vento e o frio
Tê-las-iam crestado antes da aurora.”


Licença, caros poetas, mas a personagem do soneto carecia, em seu jardim,  de flores para colher como essa em exposição. Sem crestar, resistiu a rosinha vermelha  aos ventos, ao frio  das noites de Caxias do Sul, na última semana do inverno, a rigor vestida para receber a primavera.  Fria era  a manhã de 22 de setembro, quando um clic para fotografia simbolicamente a colheu na frágil roseira junto à  casa de minha família, onde vivi  até casar. Ah, isso  foi no século passado, e faltam dois anos para somar cinco décadas...

Paráfrase do Soneto de Ronsard, de Manuel Bandeira

“Foi para vós que ontem colhi, senhora,
 Este ramo de flores que ora envio.
Não no houvesse colhido e o vento e o frio
Tê-las-iam crestado antes da aurora.

Meditai nesse exemplo, que se agora
Não sei mais do que o vosso outro macio
Rosto nem boca de melhor feitio,
A tudo a idade afeia sem demora.

Senhora, o tempo foge... o tempo foge...
Com pouco morreremos e amanhã
Já não seremos o que somos hoje...

Por que é que o vosso coração hesita?
O tempo foge... A vida é tão breve e é vã...
Por isso, amai-me... enquanto sois bonita.”

***

25/09/2016


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