Cena 1:
Parque
Infantil, verão, em Capão da Canoa:
Mariana,
entre seus 4 para 5 anos, concorda em ir para casa, deixando o balanço, mas
firma condição:
— Só se você me leva, vovô, eu to muito
cansada.
E
então, carreguei no colo a doce netinha por alguns minutos.
— Tu caminhas um pouco, agora, né
Marianinha, o vovô tá cansado.
— Ah, não, eu to cansada...
— Marianinha, eu não
sou forte como o teu papai, sou um
velhinho...
E a
menininha, já no chão, pronta para andar:
— Então se você está velhinho, você
vai morrer?
— Não vou morrer, não.
— Mas se morrer?
— Ah, eu vou ficar triste, mas vai
demorar pra isso acontecer.
Meses depois, em sua casa em São Paulo,
Mariana esforça-se para abrir um potinho de iogurte, mas as pontinhas da tampa
se rompem, e ela procura abrir com os dentes:
— Deixa o vovô ajudar, querida.
— Ah, isso é muito complicado pra um
velhinho...
Cena 2:
Preparando fogo
Porque o frio de um anoitecer de
julho aconselhava, o netinho Alex,
7 anos, com interesse e entusiasmo me ajudava na
preparação das achas de lenha para fazer fogo.
Nessa ocupação, conversávamos acerca dos cuidados que o menino deveria
observar para não bater a cabeça nas
bordas da lareira. Poderia machucar-se e sentir dor.
— E até pode morrer — alertou
o Alex.
E, em seguida, fazendo um ar sério:
— Quando você morrer, vovô, em vou no
seu túmulo com uma flor na mão e vou dizer: coitado…
— Mas se eu estiver em cinzas numa urna, o que você vai fazer?
— Então eu faço um foguinho no lado.
Um comentário:
Nota do autor:
O título da publicação acima foi inspirado em "Assim falou Zaratustra".
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