Isabel Cristina CCarvalho
Se há um tipo de livro que me fascina é a biografia de alguém. E se há outro tipo de fascinação em minha vida é olhar uma pessoa e ter certeza absoluta que a sua vida é uma linda história, e imaginar que seu livro ainda será escrito ou que esta pessoa está em fase de finalização dos capítulos antes da noite de autógrafos.
Quando estou tranqüila e alinhada com o curso de minha vida procuro, nos momentos felizes, me lembrar de pessoas e compartilhar, de alguma maneira, estes pedacinhos de felicidade e harmonia. Mas estes momentos são múltiplos e facetados: as alegrias e felicidades são infinitas e eu, assim como as pessoas, mais vivo do que registro as impressões.
Mas quando estou triste, sentida, infeliz ou intranqüila com o curso da minha vida eu pergunto ao meu espelho... espelho meu, interior, se há alguém mais triste, sentido, infeliz ou intranqüilo do que eu... E ele não me responde. Ele me espelha.
E aí sim, eu vivo para registrar as impressões que me cercam. Talvez fosse este o processo criativo que deveria adotar se tivesse que escrever a minha biografia e evidentemente depois de viver um belo conteúdo que a justificasse.
O que me chama a atenção quando leio biografias é que a dupla alegria & tristeza não me parece uma dupla de palavras opostas e sim uma dupla de palavras complementares, ocorrentes.
As pessoas buscam constantemente harmonia, equilíbrio, tranqüilidade, serenidade, completitude, características da felicidade e, incrivelmente, valores individuais, subjetivos. Quando estas características parecem diminutas pela presença dos valores de intranqüilidade, desequilíbrio, tristeza, enfim..., são os valores dos outros, subjetivos, mas coletivos que as fortalecem e as encorajam.
Tenho participado de um lindo movimento ligado a mulheres gaúchas empreendedoras e encantada com o depoimento de cada uma delas sobre suas trajetórias e experiências. Verdadeiras biografias em gestação; livros ainda não escritos da vida de cada uma. Emocionante principalmente porque estamos na temporada de datas comemorativas das mulheres, noivas, mães...
Todos os estilos literários nos tocam, nos fazem crescer, nos emocionam, nos fazem refletir, nos aprimoram, nos sensibilizam... Mas as biografias são especiais. Elas nem parecem escritas e sim falas confidentes. Falam para nossos olhos e nossos corações.
Algumas até sussurram... pra gente não esquecer que alegria e tristeza fazem parte da história de cada um.
Publique-se!
Isabel Cristina CCarvalho 17 de Março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
A história de cada um...
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4 comentários:
Puxa, Isabel Cristina, haja fôlego depois deste teu mergulho na "corrente da consciência", a mesma que tem produzido os melhores trabalhos da ficção moderna.
Disse e repeti e repito: não há maior alegria para um professor, do que ser ultrapassado pelos seus alunos.
Hoje, lendo sua crônica, pensei o quanto eu gostaria de tê-la escrito.
Parabéns, Cristina!
Valeu a pena conhecê-la e ter, pelo menos tentado, em certo momento, transmitir-lhe a confiança necessária para que pudesse produzir coisas tão qualificadas quanto esta crônica.
Um abraço grande
Walter Galvani
Isabel Cristina:
Seria a crônica "A história de cada um" o atraente prefácio de uma autobiografia em gestação?
Cumprimentos.
Almiro
Acho que sim, Almiro.
A Isabel Cristina não vai nos deixar esperando muito... Claro que, primeiro ela hesitará dizendo que, afinal de contas, é muito moça para mergulhar numa autobiografia. Depois, concordará ao saber dos exemplos famosos de "autobiografias precoces".
Depois, sempre dá para fazer uma reavaliação mais adiante.
Em todo o caso, acho que ela tem uma sensibilidade preciosa e que sabe mexer com as palavras.
Não vai desperdiçar este talento e nem nos decepcionar.
Mas, onde andam os demais "mecânicos" que não se manifestam?
Walter Galvani
A Bebel demora, mas quando aparece é sempre esse deslumbre.
Coisa boa te ver tão afinada com as palavras... tanto quanto és na vida real, ao vivo e a cores...uma delícia!
Eu não vou insistir na autobiografia completa, mas vou exigir mais alguns capítulos, pelo menos.
Fica, ainda, a pergunta:
E os outros???
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