quarta-feira, 26 de setembro de 2007
AS MÍNIMAS CONFISSÕES E O VÔO DA GAIVOTA
Os Mecânicos da Palavra orgulhosamente apresentam o convite para o lançamento do livro "Mínimas Confissões", de Almiro Zago:
6 de outubro será um dia glorioso não apenas para o querido Almiro, mas para todos os Mecânicos, pois o livro "Mínimas Confissões" é mais uma conquista que se insere na história deste grupo:
Começamos a mais de um ano atrás, na Oficina de Crônicas O Vôo da Palavra, de Walter Galvani.
Construímos uma amizade.
Formamos um grupo de escritores.
Desenvolvemos este espaço.
E, agora, assistimos ao primeiro bater de asas de uma gaivota, ao primeiro nascimento de um fruto, à concretização de um ideal.
Parabéns, Almiro! E obrigado por mostrar o caminho.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Américo, Karen e Isabel no Porto Poesia.
sábado, 8 de setembro de 2007
AS TAPETEIRAS DA TURQUIA
Almiro Zago
Jamais teria imaginado sentir inveja da Turquia. E, contudo, aos meus olhos mostrou-se um país menos injusto do que o meu, à parte a "disputa" pelas mais altas taxas de juros do mundo.
Duro é dizer que fui à Turquia, carregando a invisível bagagem de estereótipos e clichês ao longo do tempo assimilados. Por isso, não teria sido surpresa se visse multidões pelas cidades, sujeira, pobreza e coisas piores. Porém, logo ao desembarcar em Kusadasi, na linda costa do Mar Egeu, essa deturpada idéia começou a esmaecer, esfumando-se ao longo dos caminhos que me levaram a Ankara e Instambul.
Sabem lá o que se pode sentir, percorrendo centenas de quilômetros, Turquia adentro, sem deparar-se com sub-habitações, favelas e miséria? Pode ser que existam, entretanto, não aparecem aos olhos do turista. Vi pobreza sim, o que é bem diferente. Depois, se isso fosse pouco, andar pelas ruas da imensa Istambul do Premio Nobel Orhan Pamuk sem carroças ou miseráveis puxando pesados carrinhos cheios de sucata. Nem as deprimentes cenas de pessoas jogadas pelas calçadas, pedintes e, muito menos, crianças de rua.
Em lugar disso, uma Turquia poética mostrou-me muitas rosas: brancas, amarelas e vermelhas em cachos quase por toda parte. Esta imagem desperta a sensibilidade e a lembrança de que grandeza não falta à história da Ásia Menor - antiga Anatólia e maior porção do território turco. Exemplo disso, só para começo, são os objetos reveladores de culturas em priscas eras exibidos pelo Museu das Civilizações Antigas de Ankara.
Porém, em tempos menos remotos, foi berço do rei Midas, de Homero nascido em Izmir, Thales em Mileto. E Aristóteles, tutor de Alexandre - o Grande, viveu por alguns anos em Assos. Em sua geografia eleva-se o bíblico Monte Ararat e duas das sete maravilhas do Mundo Antigo lá situavam-se: o templo de Artemisa, em Éfeso, e o túmulo do rei Mausolo em Halicarnasso.
Éfeso, ou o que dela restou, ainda hoje encanta, particularmente, pela idéia arquitetônica da Biblioteca de Celso, que chegou a ter 12 mil livros, e o anfiteatro ao ar livre para 24 mil pessoas, muito usado antes e ao início da Era Cristã. Não longe dali, jazem as ruínas de Pérgamo, a dos inventores do pergaminho sucedâneo do papiro que pelo Egito fora sonegado.
Pois foi a Anatólia o primeiro centro importante do Cristianismo, e a Capadócia, refugio dos primitivos cristãos. Nas rochas porosas dos montes de tufa, escavaram suas igrejas e nelas deixaram afrescos com motivos religiosos. E mais perto do Egeu, edificaram a casa, hoje capela, onde, segundo a tradição, teria vivido a Virgem Maria.
Voltando à atualidade, outra coisa invejável são os roteiros turísticos turcos, pois oferecem segurança semelhante à proporcionada por qualquer país europeu. Pode-se começar (ou terminar) por Istambul que já foi Constantinopla e Bizâncio. Estação final do lendário Expresso do Oriente, além do mítico Estreito de Bósforo, a cidade cativa pelo mais belo de seus imponentes templos muçulmanos, a Mesquita Azul, e a antiga e grandiosa igreja cristã Santa Sofia, transformada em museu, após vários séculos a serviço dos fiéis maometanos. Instiga a imaginação observar esses dois monumentos arquitetônicos distantes no espaço por não mais de 200 metros e... mil anos no tempo!
Depois, o interior do país enche os olhos do visitante com o fascínio de suas paisagens. Entre tantas, o Castelo de Algodão, assim chamadas as rochosas colinas brancas em Pamukale, junto aos vestígios em pedra da romana Hierápolis. E as curiosas e intrigantes formações de tufa vulcânica na Capadócia - a terra dos cavalos lindos. Em esquisitos feitios esculpidos pelo excêntrico cinzel dos ventos, erguem-se as rochas ao longo de belíssimos vales, como aqueles do "Camelo" e das "Chaminés das Fadas", além do museu ao ar livre de Göreme.
Mas a Turquia, entretanto, viria revelar-me singular faceta: a das tapeteiras de Sentez. Ainda jovens, mulheres de prodigiosa coordenação motora e habilíssimos dedos tecem as tramas do que virá a ser um raro tapete, pelo jogo de fios em diferentes cores até formar harmoniosa estampa. Para cada uma, é faina de muitas semanas ou meses, conforme exija o tamanho da peça. Assim como o pintor ao retratar um corpo humano, também a tapeteira observa um modelo: a miniatura do tapete. É ela, verdadeiramente, uma artista e objeto de arte o resultado final de sua lida. Porém, diferentemente da tela do pintor, a assinatura da tapeteira ninguém verá em sua obra. Mundo afora, fria marca comercial usurpa o lugar de seu nome nos magníficos tapetes que ornamentam opulentos pisos e paredes.
Observações de viagem de maio/junho 2007 - Revisão em 31.08.07
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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